segunda-feira, 30 de abril de 2012

“… e Depois de Criar o Mundo, ao 7º Dia Deus Descansou…”

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[GESTÃO DE CRISES (parte 2 - upgrade) –
- “A DIALÉTICA DO CONHECIMENTO EMPÍRICO”]



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O Conhecimento Empírico é o conhecimento que adquirimos no decorrer do dia. É feito por meio de tentativas e erros num agrupamento de ideias.    É caracterizado pelo senso comum, pela forma espontânea e direta de entendermos.

Essa forma de conhecimento é adquirida também por experiências que vivemos ou que presenciamos que, diante do fato, obtemos conclusões. É uma forma de conhecimento superficial, sensitiva, subjetiva, acrítica e assistemática.

O conhecimento empírico é aquele que não precisa ter comprovação científica e esta também não tem importância. O fato é que se sabe e pronto, não precisa ter um motivo de ser.    (….)

…………………….

»»»»»»





O Cenário Estratégico Assimétrico.
 

O mundo mudou e a “ameaça natural” alterou o perfil de emprego e a sua natureza política e estratégica;

Tudo ficou mais complicado (ou de controlo mais difícil), mais surreal e imprevisível,
o perigo parece ser maior e fugaz, a “letalidade” mais potencial, mas também “tudo” num cenário convencional mais improvável.

(o que faz do “quadro” uma tela confusa)
 

Tudo cibernético e em modo de realidade virtual.


(….)


Há vinte e oito anos atrás se alguém congeminasse a hipótese (remota) de as “FP 25 de Abril” tomarem uma forma politicamente legal e assento permanente e institucionalizado na “Casa da Política” Portuguesa,
eu diria (pela minha parte pessoal) que “Isso” seria a mais pura loucura e diversão de uma qualquer alma perdida e desiludida com a sua vida.   (…)
 

Mas aconteceu,
e parece ser a verdade dos factos à qual qualquer cidadão pode aceder ao sintonizar um qualquer órgão de informação que presta o serviço público à comunidade de a manter atenta ao mundo que passa por nós.
 

Naquilo que poderá ser a procura de uma explicação racional diria que a Causa desta “Coisa” terá a ver (diretamente) com a “velhice política” prematura (??) e com o cansaço intelectual dos protagonistas;

Mas também (indiscutivelmente) com a categorização política das personagens envolvidas que, de forma inequívoca, abraçaram as causas revolucionárias e belicistas daquele fenómeno politicamente denominado “Forças Populares 25 de Abril”.
 

Ou seja, a “Força” (e os seus intérpretes) atuam de forma e com a face descoberta, sem qualquer temor ou receio da potencial redução ao absurdo, e de forma absolutamente impune perante a lei da República Portuguesa.

[aparentemente doente de “impotência política legal” perante, ”sei lá”…, uma quadratura politicamente terrorista (??...)]
 

(claro que não !!)
 

Portanto, as “Estrelas desta Companhia Política” (que são muitas e variadas, de diferentes quadrantes, e todas pesadas de prestígio político e estratégico) parecem ser a “causa das coisas” da ocorrência do fenómeno, mas também da impunidade legal que os anima numa espécie de “festival de Música Ró à desgarrada”.
 

(do tipo “Calhaus Rolantes” !??)
 

(….)
 

E se um dia alguém (por exemplo eu) escrevesse sobre esta “temática” provavelmente poderia atribuir-lhe um título sugestivo - “Uma Dialética Política Corporativa em Género de Ensaio Sobre a Loucura”.

(ente muitos outros nomes possíveis)


Naturalmente que nunca irei escrever tais arremetidas insultuosas contra a “Pandilha Eletrónica”,
apenas ficará aqui demonstrada a minha vontade de “o fazer” numa verdade indiscutível.
 

(….)
 

O segredo do sucesso da democracia portuguesa chama-se Segurança e Defesa.

Mas (muito) mais do que isso, a credibilidade do sistema político depende diretamente da credibilidade do sistema de segurança e defesa nacional na medida em que só a estabilidade garante o normal funcionamento das instituições.

Na realidade, o Estado identifica-se de forma perfeita com o “aparelho institucional” que assegura a vitalidade e o normal funcionamento da segurança e defesa do Estado;

Mas também a segurança das pessoas, dos valores e dos bens (públicos e privados), e dos serviços (públicos e privados) que fazem funcionar a economia do país.

Ou por palavras diferentes, a segurança e defesa será a pedra basilar que assegura o funcionamento do Estado nas condições ideais de “pressão e temperatura” política, o que se traduz (entre outros aspetos) na segurança e harmonia que dão a confiança necessária e suficiente aos diferentes atores e personagens principais que são os parceiros políticos, económicos e sociais das atividades produtivas do Estado Português.


Para tal efeito e esse fim específico é indispensável o Estado ter um bem essencial à sua “vida saudável” e que será a possibilidade de ter à sua disposição permanente e imediata a capacidade de exercer Coação sobre as ameaças principais à sua sobrevivência institucional  naquilo que respeita (principalmente) aos Poderes do Estado.

(Poder Executivo, Legislativo e Judicial)
 

Naturalmente que tal matéria é severamente complicada e obedece a princípios e a regras de empenhamento, das quais a principal, mais séria e crítica chama-se Democracia e Estado de Direito.
 

Não pode nem deve haver qualquer espécie de confusão sobre este tema que é absolutamente nuclear a todo o funcionamento criterioso em condições de boa salubridade para uma qualquer componente de segurança e defesa de um qualquer Estado Ocidental.
 

O Estado de Direito e a Democracia são o oxigénio vital de qualquer sistema credível, eficiente e eficaz de Segurança e Defesa de um Estado/Nação.

 

(etc. …….)

§§§§§§ / §§§§§§
 

ANEXO – ILUSTRAÇÃO TEMÁTICA:



………………..


“…

de:




Conhecimento empírico, científico, filosófico e teológico




A realidade é tão complexa que o homem, para apropriar-se dela, teve de aceitar diferentes tipos de conhecimento.

Desde a Antiguidade, até os dias de hoje, um lavrador, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da colheita, tipo de solo adequado para diferentes culturas. Todos são exemplos do conhecimento que é acumulado pelo homem, na sua interação com a natureza.

O Conhecimento faz do ser humano um ser diverso dos demais, na medida em que lhe possibilita fugir da submissão à natureza. A ação dos animais na natureza é biologicamente determinada, por mais sofisticadas que possam ser, por exemplo, a casa do joão-de-barro ou a organização de uma colmeia, isso leva em conta apenas a sobrevivência da espécie.

O homem atua na natureza não somente em relação às necessidades de sobrevivência, (ou apenas de forma biologicamente determinada) mas se dá principalmente pela incorporação de experiências e conhecimentos produzidos e transmitidos de geração a geração, através da educação e da cultura, isso permite que a nova geração não volte ao ponto de partida da que a precedeu. Ao atuar o homem imprime sua marca na natureza, torna-a humanizada. E à medida que a domina e transforma, também amplia ou desenvolve suas próprias necessidades. Um dos melhores exemplos desta atuação são as cidades.

O Conhecimento só é percetível através da existência de três elementos: o sujeito cognoscente (que conhece) o objeto (conhecido) e a imagem. O sujeito é quem irá deter o conhecimento, o objeto é aquilo que será conhecido, e a imagem é a interpretação do objeto pelo sujeito. Neste momento, o sujeito apropria-se, de certo modo do objeto. “O conhecimento apresenta-se como uma transferência das propriedades do objeto para o sujeito”. (Ruiz, João. Metodologia científica).

O conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo a penetrar nela, essa posse confere-nos a grande vantagem de nos tornar mais aptos para a ação consciente. A ignorância tolhe as possibilidades de avanço para melhor, mantém-nos prisioneiros das circunstâncias. O conhecimento tem o poder de transformar a opacidade da realidade em caminho iluminada, de tal forma que nos permite agir com certeza, segurança e precisão, com menos riscos e menos perigos.

Mas a realidade não se deixa revelar facilmente. Ela é constituída de numerosos níveis e estruturas, de um mesmo objeto podemos obter conhecimento da realidade em diversos níveis distintos. Utilizando-se do exemplo de Cervo & Bervian no livro Metodologia Científica, “com relação ao homem”, pode-se considerá-lo em seu especto eterno e aparente e dizer uma série de coisas que o bom senso dita ou a experiência cotidiana ensinou; pode-se, também, estudá-lo com espírito mais sério, investigando experimentalmente as relações existentes entre certos órgãos e suas funções; pode-se, ainda, questioná-lo quanto à sua origem, sua realidade e destino e, finalmente, investigar o que dele foi dito por Deus através dos profetas e de seu Enviado Jesus Cristo.

Em outras palavras, a realidade é tão complexa que o homem, para apropriar-se dela, teve de aceitar diferentes tipos de conhecimento.

Tem-se, então, os diferentes tipos de conhecimento:

  • Conhecimento Empírico.
  • Conhecimento Científico.
  • Conhecimento Filosófico.
  • Conhecimento Teológico.




Conhecimento Empírico

Popular ou vulgar é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos, as informações são assimiladas por tradição, experiências causais, ingênuas, é caracterizado pela aceitação passiva, sendo mais sujeito ao erro nas deduções e prognósticos. “é o saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado, sem aplicação de método e sem se haver refletido sobre algo”(Babini, 1957:21).O homem, ciente de suas ações e do seu contexto, apropria-se de experiências próprias e alheias acumuladas no decorrer do tempo, obtendo conclusões sobre a “ razão de ser das coisas”. É, portanto superficial, sensitivo, subjetivo, Assis temático e acrítico.




Conhecimento Científico

O conhecimento científico vai além da visão empírica, preocupa-se não só com os efeitos, mas principalmente com as causas e leis que o motivaram, esta nova perceção do conhecimento se deu de forma lenta e gradual, evoluindo de um conceito que era entendido como um sistema de proposições rigorosamente demonstradas e imutáveis, para um processo contínuo de construção, onde não existe o pronto e o definitivo, “é uma busca constante de explicações e soluções e a reavaliação de seus resultados”. Este conceito ganhou força a partir do século XVI com Copérnico, Bacon, Galileu, Descartes e outros.

No seu conceito teórico, é tratado como um saber ordenado e lógico que possibilita a formação de ideias, num processo complexo de pesquisa, análise e síntese, de maneira que as afirmações que não podem ser comprovadas são descartadas do âmbito da ciência. Este conhecimento é privilégio de especialistas das diversas áreas das ciências.




Conhecimento Filosófico

É o conhecimento que se baseia no filosofar, na interrogação como instrumento para decifrar elementos imperfectíveis aos sentidos, é uma busca partindo do material para o universal, exige um método racional, diferente do método experimental (científico), levando em conta os diferentes objetos de estudo.

Emergente da experiência, “suas hipóteses assim como seus postulados, não poderão ser submetidos ao decisivo teste da observação”. O objeto de análise da filosofia são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pelo conhecimento científico. Hoje, os filósofos, além das questões metafísicas tradicionais, formulam novas questões: A maquina substituirá quase totalmente o homem? A clonagem humana será uma prática aceita universalmente? O conhecimento tecnológico é um benefício para o homem? Quando chegará a vez do combate à fome e à miséria? Etc.




Conhecimento Teológico

Conhecimento adquirido a partir da aceitação de axiomas da fé teológica, é fruto da revelação da divindade, por meio de indivíduos inspirados que apresentam respostas aos mistérios que permeiam a mente humana, “pode ser dados da vida futura, da natureza e da existência do absoluto”.

“A incumbência do Teólogo é provar a existência de Deus e que os textos Bíblicos foram escritos mediante inspiração Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis.” Hoje diferentemente do passado histórico, a ciência não se permite ser subjugada a influências de doutrinas da fé: e quem está procurando rever seus dogmas e reformulá-los para não se opor a mentalidade científica do homem contemporâneo é a Teologia”. (João Ruiz) Isso, porém é discutível, pois não há nada mais perfeito que a harmonia e o equilíbrio do UNIVERSO, que de qualquer modo está no conhecimento da humanidade, embora esta não tenham mãos que possa apalpá-lo ou olhos que possam divisar seu horizonte infinito... A fé não é cega baseia-se em experiências espirituais, históricas, arqueológicas e coletivas que lhes dá sustentação. O conhecimento pode Ter função de libertação ou de opressão. O conhecimento pode ser libertador não só de indivíduos como de grupos humanos. Nos dias atuais, a detenção do conhecimento é um tipo de poder disputado entre as nações. Contudo o conhecimento pode ser usado como mecanismo de opressão. Quantas pessoas e nações se utilizam do conhecimento que detêm para oprimir?

Para discutir estas questões recém citadas, vê-se a necessidade de instituirmos um novo paradigma para discussão do conhecimento, o conhecimento moderno, entende-se por conhecimento moderno, a discussão em torno do conhecimento. É a capacidade de questionar, avaliar parâmetros de toda a história e reconstruir, inovar e intervir. É válido, que além de discutir os paradigmas do conhecimento, é necessário avaliar o problema específico do questionamento científico, fonte imorredoura da inovação, tornada hoje obsessiva. No entanto, a competência inovadora sem precedentes, pode estar muito mais a serviço da exclusão, do que da cidadania solidária e da emancipação humana. O fato de o mercado neo-liberal estar se dando muito bem com o conhecimento, tem afastado a escola e a universidade das coisas concretas da vida.

O questionamento sempre foi à alavanca crucial do conhecimento, sendo que para mudar alguma coisa é imprescindível desfazê-la em parte ou, com parâmetros, desfazê-la totalmente. A lógica do questionar leva a uma coerência temerária de a tudo desfazer para inovar. Como exemplo a informática, onde cada computador novo é feito para ser jogado fora, literalmente morre de véspera e não sendo possível imaginar um computador final, eterno. E é neste foco que se nos apegarmos á instagnação, também iremos para o lixo. Podemos então afirmar a reconstrução provisória dentro do ponto de vista desconstrutivo, pois tudo que existe hoje será objeto de questionamento, e quem sabe mudanças. O questionamento é assim passível de ser questionado, quando cria um ambiente desfavorável ao homem e à natureza.

É importante conciliarmos o conhecimento com outras virtudes essenciais para o saber humano, como a sensibilidade popular, bom senso, sabedoria, experiência de vida, ética etc. Conhecer é comunicar-se, interagir com diferentes perspetivas e modos de compreensão, inovando e modificando a realidade.

A relação entre conhecimento e democracia, modernamente, caracteriza-se como uma relação intrínseca, o poder do conhecimento se impõe através de varias formas de dominação: econômica, política, social etc. A diferença entre pobres e ricos, é determinada pelo fato de se deter ou não conhecimento, já que o acesso à renda define as chances das pessoas e sociedades, cada vez mais, estas chances serão definidas pelo acesso ao conhecimento. Convencionou-se que em liderança política é indispensável nível superior. E no topo da pirâmide social encontramos o conhecimento como o fator diferencial.

É inimaginável o progresso técnico que o conhecimento pode nos proporcionar, como é facilmente imaginável o risco da destruição total. Para equalizar esta distorção, o preço maior é a dificuldade de arrumar a felicidade que, parceira da sabedoria e do bom senso é muitas vezes desestabilizada pela soberba do conhecimento.

De forma geral podemos dizer que o conhecimento é o distintivo principal do ser humano, são virtude e método central de análise e intervenção da realidade. Também é ideologia com base científica a serviço da elite e/ ou da corporação dos cientistas, quando isenta de valores. E finalmente pode ser a perversidade do ser humano, quando é feito e usado para fins de destruição.



…”



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segunda-feira, 23 de abril de 2012

GESTÃO DE CRISES – A HISTÓRIA CONCISA DE UMA CRISE (POLÍTICA) “PERENE” (upgrade 2)

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Título: OS PORTUGUESES NÃO TREMEM

(parte 2)


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“… a resposta à crise, seja qual vier a ser a sua dimensão, não é menos capitalismo, mas melhor capitalismo, não é mais Estado, mas melhor Estado ”.
(….)
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A gestão da “crise incontornável”.
Muito se tem escrito sobre este “problema” e muitas abordagens temos lido e “digerido” de prismas e quadrantes eventualmente perturbantes e surpreendentes.
(na medida do Conteúdo Político da mensagem que “nos é dado perceber em negativo desfocado”)
 
(…)
 
Naturalmente que o material tem sempre razão, e o protocolo técnico é irrebatível por mais sofisticados que sejam os argumentos de antítese ao “prontuário ideológico, estratégico e financeiro”.
Mas parece ser importante insistir que o receituário do método de ataque aos grandes conteúdos envolvidos neste dilema deve considerar que a profundidade crítica envolvida tem uma natureza Predominantemente Política num quadro estratégico que envolve os grandes desafios que atormentam a “Europa Unida” contemporânea.
 
Porque os dados históricos da Europa política do século XX são incontornáveis e parecem ser um desafio permanente e uma “ameaça ideológica” à estabilidade política da União Europeia.
 
A Europa pós-Colonial que abandonou os seus impérios em África durante todo o século XX (história na qual Portugal se manteve orgulhosamente só e firme numa determinação que ultrapassou todos os “prazos de validade”) reforçou as suas convicções anticoloniais no rescaldo da 2ª G.M., tornando o ocidentalismo europeu numa corrente política e estratégica de progresso crescente e imparável.
E, no fundo, será esta a questão principal na “boca de cena” desta mega crise na Europa, como nos Estados Unidos.
 
Não falamos nem discutimos o capitalismo ou o comunismo, o socialismo ou a social-democracia, a democracia cristã ou o anarquismo, a religião ou o ateísmo político (…),
discutimos, sim, o Colonialismo Político em versão new-age numa nova era política que emergiu com o novo milénio.

Novas formas de colonialismo político, portanto (…),
e não questões menores com um “número de polícia” de um qualquer jargão político e ideológico que apresentado na atual modernidade é identificado como completamente desatualizado;
Ou antes, talvez, completamente “out of dream” no sentido e no nexo de causalidade política, económica, social ou estratégica nos conteúdos políticos da oratória operacional e nas práticas que fazem o dia político e a agenda de governação dos Estados e das Nações na Europa, nos Estados Unidos, e por todo o mundo de uma maneira geral.
(….)
Não me canso de contar esta história nas minhas conversas com o meu amigo 666,
em género de confissão de uma juventude que envelheceu nos seus sonhos antes, mesmo, de começar a erigir a estrutura principal do projeto.    
(….)
 
Para completa ilustração de toda a temática envolvida nesta nossa grande crise europeia volto a insistir num texto da autoria do Comandante Eduardo Serra Brandão.
O autor, antigo presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, auditor de Defesa Nacional e especialista em temas de Segurança, Defesa e Relações Internacionais produziu o texto em referência de forma simples, precisa e concisa, e dispensa qualquer comentário adicional.
Na verdade, o texto cria (e recria) explicações simples e precisas sobre assuntos complexos e elaborados no seu raio de ação, ao mesmo tempo que provoca uma interação do leitor com o “problema específico” em análise fazendo-o reviver a situação descrita e as suas consequências atuais numa dimensão em tempo útil, realista e com uma profundidade de conhecimento notável.
Haverá razão precisa para afirmar que “tudo” da atual crise política, económica e estratégica que percorre a Europa está explicado neste texto, salvaguardando situações peculiares dos países mais blindados às influências dos acidentes políticos e económicos dos Estados que são as grandes potências estratégicas do mundo globalizado.
Recomenda-se, portanto, uma boa leitura no contexto em que se desenvolve este tema.

§§§§§§ / §§§§§§

ANEXO – ILUSTRAÇÃO TEMÁTICA:
 
………………..
“…
de:



2010/01/24
A Crise Financeira Internacional, As Causas Prováveis – As Soluções Possíveis
Eduardo Serra Brandão


Vou então falar da mais grave crise financeira, que se tornou também económica, que o mundo conheceu depois da Guerra de 1939-45.
 
Grave, profunda, extensa, desconhecida e cuja duração, intensidade e consequências são ainda uma incógnita.
 
Sabe-se que foram muito grandes os estragos imediatos, que causou muitos sustos, muitos prejuízos, alguma indignação pelas intervenções do Estado e, convenhamos, alguma satisfação inicial e alguma esperança sobre o estertor do capitalismo.
Como já disse alguém, esta crise foi um “verdadeiro tsunami financeiro”.
Assistimos ao espetáculo de os Estados aparecerem como derradeiro recurso para evitar a bancarrota generalizada, o que fez calar as vozes do ultraliberalismo económico.
Foi a confirmação de que a ordem económica internacional repousava sobre uma imagem insustentável de crescimento e prosperidade sem fim, que se instalara na base do dinheiro fácil e contaminara, como se viu, todo o mundo.
O próprio Greenspan, antigo presidente quase vitalício da Reserva Federal, confessou que tinha ido longe demais na sua confiança no bom funcionamento do mercado.
Verifica-se que esta crise é uma crise estrutural, que afeta todas as áreas, e transversal a todos os sectores. Conhecem-se as causas prováveis e também algumas soluções possíveis, mas ninguém está seguro sobre a sua razão e a sua eficácia. Os novos problemas poderão não ser resolvidos com soluções do passado.
O último Nobel da Economia dizia, há pouco tempo, no New York Times que não é possível prever se as medidas que estão a ser tomadas nos Estados Unidos e na Europa, e que seriam certamente adequadas a uma crise normal, serão suficientes ou apropriadas para debelar esta que atualmente defrontamos.
Começando com as falências financeiras nos Estados Unidos, rapidamente evoluiu para uma crise global que conduziu à falência iminente de muitos bancos europeus e a descidas vertiginosas nos índices bolsistas.

Alguns países entraram em grandes dificuldades financeiras, como a Islândia que para ser salva da insolvência vai ser admitida na União Europeia.

Vejamos então as causas prováveis
Por inteligência ou por ideologia, há quem considere que as políticas de Ronald Reagan, Margaret Thatcher e Helmut Kohl são a origem remota desta crise.
Com o seu entusiasmo pelo liberalismo e pelo capitalismo, contribuíram para o progresso e enriquecimento dos seus países e para o aumento do poder de compra e do bem-estar dos seus concidadãos.
Mas, há sempre um mas, o excesso de confiança nos operadores e a carência de regulação e de supervisão terão criado o ambiente que deu lugar ao egoísmo, a causa da crise segundo o Papa Bento XVI, ao oportunismo e à prática de operações ilegais, fraudulentas ou muito arriscadas.
Terá, depois, contribuído para a crise a legislação de Bill Clinton com vista a distribuir dinheiro para facilitar ou permitir a compra de habitação pelos hispânicos, eleitores democratas, e, para disfarçar, pelos funcionários e pelos veteranos com mais dificuldades.
Com o mesmo fim, acabou com a separação entre bancos comerciais e bancos de investimento, pondo termo a uma lei de 1929.
Os bancos aproveitaram logo a oportunidade para fazer grandes negócios, facilitando e estimulando o crédito, com pouca ou nenhuma supervisão.
Usando intencionalmente frases de conhecidas personalidades, a “criatividade destrutiva do sistema financeiro”, atuando em completa liberdade, deu lugar ao “lixo tóxico financeiro” e às “armas financeiras de destruição maciça”.
                    
Os governos e os analistas europeus tinham obrigação de ter visto que a crise na América apareceu em 2007, com o nome de crise do “Subprime”, que, como escreveu Robert Shiller, da Universidade de Yale, se pode identificar como um ponto de viragem histórica nas nossas economia e cultura, resultado da “bolha” especulativa no mercado imobiliário, que começou a rebentar em 2006 e causou profundas fendas e ruturas, não só nos Estados Unidos mas em diversos países, com a concessão de empréstimos superiores ao valor da habitação.
Aumentavam assim o movimento e o lucro das instituições que geriam, dando lugar aos inacreditáveis prémios, “vergonhosos” no dizer de Obama, às administrações incompetentes ou distraídas das instituições financeiras.
Com tanto dinheiro, mais do que necessário para a posse da habitação, o americano viu reforçado o seu poder de compra e, comprando a prestações sem controlo, endividou-se, ficou sem dinheiro para pagar os empréstimos e a banca acabou por executar as hipotecas por valores irrisórios, muito inferiores às garantias dadas.
 
Verificou-se uma queda brutal nas vendas de habitações, arrastando consigo a crise na construção. Não é fácil acreditar que neste momento há perto de vinte milhões de casos de habitações vazias nos Estados Unidos da América.
A crise veio à superfície com o “Credit Crunch” ou crise de crédito, que foi uma súbita redução na disponibilidade de crédito ou um súbito apertar das condições requeridas para a obtenção de crédito através da banca.
Há quem resuma as causas objetivas da crise nos Estados Unidos à excessiva facilidade do recurso ao crédito, à existência de taxas de juro muito baixas durante um longo período e à complacência face ao risco.
Mas há também quem diga que a crise financeira foi o resultado de o Estado se ter demitido do seu papel de vigilante e de uma crise de valores – políticos e éticos.
Alguém disse que “a ideologia do sucesso, a qualquer preço, com qualquer lei, dominava a cena política há anos”.
A perspetiva de falência ou as suspeitas sobre a sorte de alguns bancos levam os depositantes a levantar os seus depósitos, as instituições a limitar o crédito, os empresários a não terem acesso ao dinheiro, o consumidor a reduzir as compras, os acionistas a vender na Bolsa a qualquer preço e, em consequência de tudo isto, vê-se aumentar assustadoramente o desemprego.
A crise financeira deu assim lugar à crise económica, ou como hoje se diz, “afetou gravemente a economia real”.
E vai dar lugar à crise social, complicada e que já fez barulho na Grécia, na França e no Reino Unido.
 
O primeiro sinal da crise em 2008 foi a falência do banco Lehman Brothers em Setembro, como toda a gente sabe, e que o governo americano e o Congresso já lamentam não ter evitado. Não, neste caso, pela preocupação com o prejuízo dos acionistas, dos depositantes ou dos trabalhadores, porque isso, dizem os liberais, era o resultado do normal funcionamento do mercado – eliminando os inúteis e os mais fracos -, mas pelo que afetou a confiança no sistema bancário, que podia ter tido consequências muito mais graves.
Não se lembraram a tempo de que a confiança é a hemoglobina que corre nas artérias do sistema financeiro internacional.
Muitas e importantes instituições financeiras soçobraram na América e em todo o mundo logo a seguir ao Lehman Brothers e, no primeiro choque da crise, foram todas ajudadas pelos respetivos governos para evitar as falências e o pânico.
Entre os gigantes em dificuldades figuram, por exemplo, a União de Bancos Suíços, o Deutsche Bank, o Royal Bank of Scotland, e o Bank of America e o Citygroup nos Estados Unidos, este último com 200 milhões de contas, 12 mil agências em 107 países e empregando 400 mil trabalhadores.
A crise na América propagou-se quase instantaneamente pela Europa e pelo resto do mundo devido à capilaridade do mercado financeiro resultante da internacionalização dos bancos, da cumplicidade na exposição aos riscos, da permuta de capitais acionistas, das garantias colaterais e sobretudo da rapidez existente na transmissão de informações.
Os Árabes também não escaparam à crise, que expôs vulnerabilidades e fraquezas nas fundações institucionais das suas economias. Seis anos de “boom” petrolífero não os salvaram, designadamente os emiratos, da crise mundial: projetos imobiliários foram adiados, investidores e turistas estão em retirada e prevê-se, até, agitação social porque os seus governantes negligentemente nunca apostaram numa economia produtiva, aliás como alguns governos europeus nossos conhecidos.
A crise estendeu-se ao Extremo Oriente, onde a Coreia do Sul está com graves problemas e o Japão viu baixar em 30% o valor das suas exportações. Chegou também rapidamente à Índia e à China, que até há muito pouco tempo se sentiam livres das aflições do mundo rico.
A Índia tem um grande potencial, é uma democracia e está habituada às crises. A China, em 2008, já viu o PIB subir apenas metade do que costumava subir nos anos anteriores, agravando as perspetivas económicas. O Financial Times assegura que o governo chinês mente sobre o estado da sua economia e que a China já entrou em recessão.
Se assim for, os americanos que se cuidem porque a China poderá ver-se na necessidade de pôr cá fora os triliões de dólares das suas reservas com consequências facilmente previsíveis para os Estados Unidos.
Fizeram parte da crise global a baixa generalizada nos valores dos títulos em Bolsa – tendo sido o sector bancário o mais penalizado - e a quebra do consumo devido à multidão dos desempregados, às famílias arruinadas e aos que não conseguem o crédito de que necessitam.
Também intervieram, de forma diferente, pouco transparente e não sabemos com que extensão, as chamadas operações “off-shore” nos paraísos fiscais.
Não ajudou a evitar a crise o facto de uma boa parte da população do mundo ocidental ter vivido durante anos da especulação bolsista, que nada produz e não aplica mão-de-obra.
No fim de 2008, veio agravar a crise o colapso do superfundo de investimento de Bernard Madoff, a D. Branca americana que só tinha dele estas pequenas diferenças: o volume do dinheiro movimentado, a duração do engodo e o facto de D. Branca ter enganado ingénuos gananciosos e Madoff ter enganado especialistas financeiros gananciosos. Admira que ninguém tivesse estranhado que os juros fossem tão altos!
Segundo Fernando Sobral, Madoff transpirava confiança. Ao contrário do que sucede noutros países onde se desconfia e tem inveja de quem é ou fica rico, nos Estados Unidos os ricos são o expoente do sonho americano. Confia-se neles. Eles são um estímulo para quem quer ser como eles, Madoff era o expoente desse sonho. Mas o mundo onde viveu Madoff era de ilusões baseadas na confiança. Confiança que agora ruiu.
Sendo um dos maiores vigaristas de todos os tempos, dava-se ao luxo de selecionar os clientes que aguardavam em longa lista de espera a sua oportunidade. Da clientela constavam muitas personalidades e instituições conhecidas, como o principal banco francês, metade dos bancos espanhóis, incluindo o Santander e o seu presidente, uma mão cheia de fundos israelitas e até bancos e fundos portugueses.
E o que é de estranhar é que a autoridade reguladora dos mercados financeiros norte-americanos recebia denúncias desde 1999 e nunca atuou.

E quais seriam então as soluções possíveis?
São muitas e variadas, e convém começar por lembrar o que fez o governo Sueco, quando no início dos anos 90 se viu confrontado com uma crise bancária.
Alguns analistas americanos, face à crise que veio à superfície em Setembro, apresentaram ao Congresso, para servir de lição para as medidas que estavam já ali a ser preparadas, um relatório sobre a forma como a Suécia tinha evitado, de uma forma rápida e exemplar, o colapso do sistema financeiro na Escandinávia.
O governo Sueco criou uma agência estatal com ampla autoridade para atuar dentro dos seguintes princípios: 1) o processo deve ser transparente; 2) a agência deve ser política e economicamente independente; 3) deve ser mantida a disciplina do mercado; 4) deve ser elaborado um plano para rápida injeção de fluxos de crédito no sistema financeiro.
O Financial Times vem agora dizer que a Europa deve seguir o modelo Sueco de recuperação ou não encontrará solução fácil para a crise.
Em linguagem simples, uma crise económica resolve-se com injeção de dinheiro no mercado para recuperar o investimento, aumentar o consumo e fomentar o emprego.
No caso atual, a medida mais urgente foi não deixar falir os bancos.
A não ser assim, perdia-se a confiança no sistema bancário e faltaria a liquidez que permite a recuperação. O equilíbrio do sistema bancário, e não há a este respeito outra opinião, é indispensável às tentativas de resolução da crise.
As medidas europeias para combater a crise seguiram-se ao pontapé de saída dado pelo primeiro-ministro inglês, que apresentou um esquema coerente e que viria a ser seguido pela generalidade dos outros países.
As ajudas ao sistema bancário podem assumir várias formas: a nacionalização usada imediatamente pelos Suecos na crise dos anos 90, o aumento do capital dos bancos com dinheiros do Estado, os empréstimos remunerados aos bancos e a venda de garantias para a obtenção de crédito.
Se houver sorte e boa gestão o Estado pode acabar por não perder ou até ganhar com estas ajudas quando a economia voltar à normalidade
 
Contrariamente às críticas ferozes e demagógicas feitas em alguns países ao apoio dos Estados aos bancos em dificuldades, devemos pensar que as garantias e o dinheiro mobilizados não se destinaram a proteger os banqueiros nem os acionistas, mas a salvaguardar a capacidade de oferecer crédito a quem ele é indispensável, a proteger as poupanças tão estimuladas, fruto de vidas inteiras de trabalho ou únicas fontes de sobrevivência e, sobretudo, a salvaguardar a confiança no mercado.
Tudo levava a crer que os Estados excluiriam da sua proteção os investimentos em fundos especulativos e aleatórios, mas o governo inglês, com surpresa e perante a gravidade da situação, já estabeleceu um regime para proteção dos ativos “tóxicos” dos bancos, separando-os dos ativos bons e colocando-os sob o controlo do Estado.
Como esta prática está a generalizar-se, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia vão fazer recomendações comuns a todos os Estados europeus para evitar a concorrência desleal.
Também a administração Obama, melhorando uma intenção da administração Bush, decidiu reunir os ativos “tóxicos”, ainda existentes, num banco criado para o efeito pelo Departamento do Tesouro.
Ao apoio à Banca segue-se a injeção de dinheiro no mercado, designadamente em obras públicas e em empresas com dificuldades.
Em determinados países, onde os grandes investimentos têm de ser feitos, eles devem aguardar melhor oportunidade, tendo em conta que podem comprometer a dívida externa; que são entregues normalmente a dois ou três grandes consórcios em vez de distribuírem o trabalho pelo país; que empregam sobretudo mão-de-obra não qualificada e que não têm resultados imediatos na resolução da crise.
Permitam-me um pequeno parêntesis, que nada tem a ver com a crise. Existe hoje, e é correto, a preocupação do equilíbrio do binómio custo/benefício nos investimentos; mas ocorre-me pensar que se nos tempos antigos houvesse esta preocupação o planeta era muito insípido: não existiam as pirâmides do Egipto, o Taj Mahal da Índia, nem os castelos do Loire e da Baviera, tudo hoje atrativos para o dinheiro dos turistas de todo o mundo.
E voltando ao sério.
O investimento, no conceito da União Europeia, dever ser racional.
 
Deve ser espalhado por todo o país, ter realização e utilidade imediatas, privilegiando pequenas e médias empresas em obras nos sistemas educativo, energético e científico.
 
O pior, escreveu alguém, é que se fazem planos que, no papel, gastam milhões e empregam milhares, mas respondem mal às necessidades imediatas.
No caso Português, teria sido muito útil aproveitar as energias keynesianas do governo para investir na recuperação do património artístico, habitacional e arquitetónico: castelos, monumentos, igrejas, e, como escrevia Pulido Valente, “em qualquer um dos mil prodígios dispersos pelo interior que hoje lamentavelmente apodrecem ou caem em ruínas, no meio de uma unânime indiferença”.
Também uma antiga ministra da cultura manifestou a opinião de que “a crise pode constituir uma oportunidade para o património, se não persistir a miopia política que não permite olhá-lo como prioridade política e económica”.
O apoio às empresas varia de país para país de acordo com as suas possibilidades e as suas características, mas não pode ser feito ao livre arbítrio das autoridades e deve ter em atenção a transparência e a independência política e económica das decisões e das escolhas. É imperioso pensar que qualquer auxílio a empresas industriais – que não consigam aumentar o capital próprio - deve acorrer a dificuldades conjunturais e não estruturais, sob pena de se estar a gastar dinheiro para adiar os problemas.
Ainda nos lembramos do auxílio bem-intencionado, mas erróneo, que foi dado no século passado a empresas têxteis do Vale do Ave, que fecharam pouco tempo depois. E foi essa dúvida que levou o congresso americano a hesitar na ajuda à sua indústria automóvel que produz viaturas obsoletas, por serem altamente consumidoras e altamente poluentes.
É opinião da maioria dos economistas de que todas as medidas devem ser provisórias, até à completa resolução da crise, porque, como afirmou o Prémio Nobel da Economia de 2003, “a intervenção do Governo não é útil a longo prazo”.

Outra solução credível e muito apregoada é a redução de impostos.

Pode ser geral, abrangendo todos os contribuintes e aumentando rapidamente o consumo, mas será considerada injusta e dificilmente suportável no Orçamento. Deve por isso encontrar-se soluções seletivas, que variam de economia para economia, como, por exemplo, promover o emprego, beneficiar empresas viáveis de interesse nacional ou alterar favoravelmente os escalões dos impostos.

Existe a opinião de que a baixa de impostos é a solução mais simples e reflete-se logo no consumo, mas é menos eficaz na formação de empregos e dá menos retorno ao Estado.
Parece, além disso, que as pessoas podem não reagir como se pretende e em época de crise e de insegurança nem sempre utilizam a baixa de impostos para consumir ou investir.
A redução de impostos, em vez de ser uma solução alternativa, deve ser uma solução complementar dos investimentos públicos.
Assim fizeram já o Reino Unido, a França, a Alemanha e os Estados Unidos. E outros vão seguir o seu exemplo.
Outra solução complementar destas é a redução das taxas de juro, que é fácil e tem aplicação imediata, mas isolada não parece mostrar-se muito eficaz.

É claro que o dinheiro barato facilita a recuperação e o desenvolvimento, mas também dispara pela culatra incitando ao endividamento excessivo e podendo provocar a inflação.

No entanto todos a aplicaram. E não deixa de ser curioso e revelador que a taxa, no Reino Unido, acabou de baixar para 1%, o valor mais baixo dos últimos trezentos e quinze anos!
A pior solução, até porque afinal já mostrou não ser solução, é o recurso ao protecionismo. Os Estados, vendo a sua economia a afundar-se, tendem a fechar as fronteiras aos mercados exteriores e a baixar o valor da moeda para facilitar as exportações.
Com a lei Smoot-Hawley que, na crise de 1929, aumentou os direitos alfandegários a 900 produtos, o comércio internacional baixou para menos de metade e deu lugar a uma espiral recessiva que levou à Grande Depressão e tanto trabalho deu ao presidente Roosevelt.

Logo que se percebeu a dimensão da presente crise, a Comissão Europeia propôs um plano abrangente para, em conjunto, atenuar o seu impacto no emprego, no poder de compra dos cidadãos europeus, no provimento de recursos de capital e, em resumo, na recuperação das economias.

Em Dezembro, os dirigentes da União Europeia reuniram-se para apreciar estas medidas numa tentativa para encontrar soluções coordenadas. Parece que não foi fácil o acordo, mas acabaram por fazer quase todos, mais ou menos, o mesmo e que também é, mais ou menos, o mesmo que vão fazer os Estados Unidos.

Temos de reconhecer que a solução de uma crise global como a presente depende da combinação dos fatores nacionais e internacionais existentes na altura e a sua resolução está ligada às características e às condições financeiras de cada Estado.
A cooperação entre todos mostra-se indispensável à sua solução. Foi por isso que o Forum Económico Mundial, que reuniu, no fim de Janeiro em Davos, 2500 políticos, empresários, economistas e muitas pessoas que não têm mais que fazer, escolheu este ano para tema o debate da crise.
E, concluíram, como eu, que os Estados Unidos são os responsáveis últimos da crise, que é preciso evitar o protecionismo e que a crise ainda não bateu no fundo.
A extrema-esquerda diz que o Fórum é uma reunião de ricos para inventar novas maneiras de enriquecer à custa de todos os outros.
Indicadas as causas mais prováveis e mencionadas as soluções possíveis mais conhecidas, termino com algumas observações, que diria avulsas, acerca do pouco que podemos dizer sobre o que nos espera.
Mais uma vez, nas intervenções que faço, afirmo que não vou dizer o que quero ou não quero que aconteça, mas sim o que aconteceu e o que penso que vai acontecer.

Vão melhorar sem dúvida a regulação e a supervisão da atividade bancária, os bancos atuarão de forma diferente, e vamos ter, finalmente, a penalização das atividades ou operações ilegais ou perigosas.

Alguém escreveu, com graça, que os bancos viveram despreocupados estes últimos anos, investindo em aplicações cuja origem, composição e valor desconheciam.

Aperceberam-se agora envergonhados da sua ingenuidade e do seu afastamento de tradições respeitáveis, e hoje só emprestam, sem margem para dúvida, a quem não precisa.
(fim de citação)

O sociólogo António Barreto comentava recentemente o disparate e a precipitação das seguintes frases que foram ditas no início da crise: “É o regresso a Marx”; “É o fim do capitalismo”; “Acabou a hegemonia americana”; “O Estado tem de tomar conta da economia”.

A leitura destas frases fez-me lembrar o célebre economista russo Nikolai Kondratiev que, estudioso das longas crises económicas, descobriu que o capitalismo surge revigorado depois delas.

Desafortunadamente para ele, que já tinha impressionado Lenine com o seu talento, publicou um livro, que chegou a ser editado na Alemanha, em que mostrava que o capitalismo, sujeito a periódicos embaraços, nunca se destrói por si mesmo.

Com tanta clarividência e tanta coragem, Estaline mandou-o refletir para um “gulag” na Sibéria e, como ele não tinha emenda e continuava a pensar, deu ordem a Molotov para o mandar executar, tendo sido fuzilado com 45 anos de idade.

Concordando com Kondratiev, eu diria que vamos continuar a ter um mundo globalizado e estruturado segundo os princípios da economia social do mercado, orgulho da civilização europeia ocidental.

Foi esta ideologia que assegurou o progresso e a liberdade no mundo ocidental e que, adaptada à China e à Índia, já tirou da pobreza centenas de milhões de seres humanos.

O presidente Obama considera a crise americana devastadora e diz que é importante regular os mercados, mas que eles continuam a ser uma força determinante para expandir a liberdade e o bem-estar.

Não difere muito de Pinto Leite quando este escreveu que “a resposta à crise, seja qual vier a ser a sua dimensão, não é menos capitalismo, mas melhor capitalismo, não é mais Estado, mas melhor Estado”.


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de:


Aumento dos preços é "despropositado" e "incompreensível" - presidente ACP
19 | 03 | 2012 11.20H

O presidente do ACP, Carlos Barbosa, considerou "despropositado" e incompreensível o novo aumento do preço dos combustíveis que entra hoje em vigor e disse esperar que o ministro da Economia lhe explique as razões.
"Não consigo entender, mais uma vez," este "aumento despropositado dos combustíveis em Portugal", disse à Lusa o presidente do Automóvel Clube de Portugal.
"Nem eu nem nenhum português entende como é que o barril de Brent está a 124,98 [dólares]" quando em 2008 "estava a 160 dólares e nós tínhamos combustível mais barato", disse à Lusa.


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