quarta-feira, 18 de julho de 2012

SEMINÁRIO (5): O ESTADO POLÍTICO E OS “INSURGENTES” – UMA RELAÇÃO POLÍTICA NUMA ABORDAGEM PESSOAL

http://fjjeparreira.blogspot.com





Tema 2:  PARA QUE SERVEM AS FORÇAS ARMADAS (??)” -– O COMPLEXO INDUSTRIAL MILITAR PORTUGUÊS
(PARTE 3)







Portugal porquê ??
A resposta parece simples e remete para a Terra dos nossos pais, dos nossos antepassados, a nossa história, a comunidade histórica da cultura portuguesa que identifica uma Nação chamada Portugal.
 
De resto, a “questão” (colocada desta “forma”) parece-me um Absurdo Lúcido (…),
circunstância essa que poderá definir uma intenção premeditada e um comportamento de “má-fé” olhando a fisiologia desta questão por um padrão isento de responsabilidades na estrutura viciada do “pensamento político” vigente na sociedade portuguesa.
A “Dúvida Sistémica” sobre a democracia canónica do regime político português parece caracterizar este método científico de forma assaz e em modo persistente e indiscutível;
Mas o que talvez fique por saber será a natureza do pensamento político envolvido neste caso (dos cientistas deste processo de intenções) porque eles nem a brincar contam os seus segredos (políticos) mais íntimos.
 
(….)
 
Uma outra leitura desta temática será “Portugal Para Quê ??”
 
Não passando este raciocínio “amador” e casual disso mesmo, fazendo a leitura política das escritas (criptografadas) do cientista no seu espelho conselheiro (na tentativa vã de uma resposta clara, simples, precisa e concisa a dúvidas consistentes com a “poeira” levantada) conclui-se pela ausência de conteúdos reais e concretos, ideologicamente fidedignos, num vazio do pensamento político no mínimo preocupante.   
 
Mas uma resposta séria poderia ser por exemplo esta:
_ O Destino de Portugal será para os Portugueses !!
(seja “Ele” qual for e com os contornos que tiver esse seu desígnio)
Um destino para a vida, a alegria, a tristeza, a felicidade suposta ou aquela mais verdadeira, a existência (física) do homem português na humanidade, o “sonho de menino” do cidadão português de nascimento e de alma, a natureza da informação genética de um povo, a génese da sorte política do destino.    
 
Tudo aquilo pelo qual os portugueses vivem a sua cidadania enquanto hemoglobina de uma “Tribo”;
Ou por palavras diferentes, Portugal - a Terra dos Portugueses.
(….)
 
Portanto (numa conclusão fácil),
discutir o futuro de Portugal é discutir o futuro dos portugueses (necessariamente),
e para esse seminário ter sucesso será necessário admitir que é prioritário reinventar um país político novo.
 
E ir mais longe no pensamento cognitivo da “circunstância principal” envolvida e constatar que essa empresa será de difícil objetivo tão somente porque “Tal” empreendimento político significa mudar radicalmente a classe política portuguesa (…);
E “Isso” é impossível !!
  
(….)
 

Como ilustração apresento o texto que junto em anexo escrito em Outubro de 2010 quando se adivinhava uma crise profunda em Portugal;      o seu conteúdo continua controverso mas apresenta soluções para um país que poderiam iluminar o leme do “Comandante”.

§§§§ / §§§§

ANEXO – ILUSTRAÇÃO TEMÁTICA:

………………..

“…
de:

África e a América Latina podem potenciar o crescimento futuro
Stéphane Garelli: "Portugal tem de ter uma estratégia económica"
25.10.2010 - 07:30 Por Ana Brito
 
.............
O "maior erro" de Portugal foi ficar demasiado dependente da Europa e não ter tido ambição para ser mais do que um país de mão-de-obra barata, defende Stéphane Garelli, professor da escola de negócios suíça IMD.
.................



Definir uma estratégia e reorientar as exportações para países de elevado crescimento é a única forma de "meter dinheiro em casa" e superar o problema da dívida pública, sustenta o especialista, que falou ao PÚBLICO à margem da conferência sobre tecnologias de informação IDC Directions, organizada pela consultora IDC Portugal, onde foi orador.

Defende que apesar da crise não devemos estar pessimistas, mas muitos países ainda não conseguem ver a luz ao fundo do túnel...
É a situação mais difícil que vivemos desde a II Grande Guerra, mas reagir só ficando pessimistas não é uma opção, os problemas estão aqui e têm de ser resolvidos e penso que na Europa temos muitos activos para poder ser bem sucedidos.

Mas na Europa há países a reagir a velocidades diferentes.
É verdade. Esta é a minha quinta recessão e quinta recuperação económica enquanto economista. Quando as coisas estão bem, as economias estão de alguma forma sincronizadas e quando passamos por uma recessão, normalmente sai-se com alguma desordem. Mas nunca vi uma situação em que tivéssemos tanta diversidade na recuperação económica; todos os modelos estão lá, há países que ainda estão em recessão, como a Espanha, outros estão sobreaquecidos e a ir demasiado depressa, como a China e Singapura, outros enfrentam riscos inflacionistas, como o Brasil, e outros deflacionistas, como o Japão.

E Portugal?
Portugal tem estado a sofrer de duas coisas; em primeiro lugar, o facto de muita da sua dívida ser detida por bancos estrangeiros, o que aumenta a pressão de fora para que haja medidas de austeridade. Depois, o facto de ter um défice da balança de conta corrente, o que significa que não há dinheiro fresco a entrar na economia.

Como podemos mudar isso?
Lembro-me que Portugal, a seguir à revolução, começou a religar-se ao resto da Europa e a querer tornar-se num destino de investimento directo estrangeiro. Mas quando a Europa central entrou no cenário, tornou-se mais atractiva, até porque estava mais próxima da Alemanha. Acho que Portugal perdeu a oportunidade de usar melhor as suas ligações a África e à América Latina para desenvolver o mercado de exportações. Penso que isso é absolutamente crítico. É bom ter negócios com o resto da Europa, mas hoje, o crescimento virá de outras regiões.

E ainda vamos a tempo de mudar isso?
Claro. Vocês têm bons contactos, boas empresas, bons bancos, boas companhias de telecomunicações e por isso penso que há algumas ligações naturais que deveriam ser mais bem exploradas. É melhor exportar para países que crescem dez por cento ao ano do que para países que crescem dois por cento.

Quando Portugal se juntou à União Europeia, a estratégia foi "somos o país mais low cost da Europa, nenhuma empresa fabricará mais barato do que em Portugal" e as empresas vieram. Mas depois apareceram a República Checa e a Hungria e a Polónia. Este foi provavelmente o maior erro: não ter usado aquela pequena janela de oportunidade para fazer qualquer outra coisa do que ter apenas a ambição de ser low cost. É importante ter uma estratégia. Têm de saber para onde vão e definir algo em que possam ser bons, que tenha a ver convosco, com aquilo em que vocês são bons.
As medidas de austeridade anunciadas são suficientes para alcançar o equilíbrio orçamental?
Penso que se fez algum bom trabalho e que é importante que se trabalhe também um bocadinho as mentalidades. As pessoas devem compreender que é preciso pôr ordem na economia. Alguns países perceberam isso mais depressa que outros. Os irlandeses perceberam antes, os portugueses estão a começar a compreender e os franceses, por exemplo, ainda não compreenderam de todo. Mas o que me preocupa é que até agora, sempre que precisávamos de dinheiro, encontrávamo-lo na Europa ou nos Estados Unidos. Doravante, vamos ter de ir procurá-lo na China ou na Índia. É revelador que os gregos agora, quando precisam de dinheiro, convidam os chineses.

Diz-se que os chineses também poderão comprar obrigações portuguesas...
Sim e eu penso que é uma boa compra. Se tivesse muito dinheiro, também faria esse investimento.

Não tem receio que Portugal entre em default?
Não. O pior que poderá acontecer é um reescalonamento da dívida, mas não penso que possa haver incumprimento. Porque se houver default, o risco para toda a Zona Euro será enorme. E mesmo quando se diz que a Alemanha está a fazer imposições é preciso ter em conta que a Alemanha vive das exportações e para as ter precisa de clientes, que também estão em Portugal.

O aumento de impostos era inevitável? Havia alguma outra coisa que o Governo pudesse ter feito?
No meu país fizemos uma coisa que pode dar uma ou duas ideias. Há alguns anos criámos uma lei que definia que nenhum gasto deve ser aprovado sem que ao mesmo tempo seja votada a criação de receitas. Não se pode ir ao Parlamento dizer que vamos gastar x ou y sem que ao mesmo tempo definir como vamos levantar o dinheiro. Este foi provavelmente uma boa ferramenta para obrigar o Governo a ser cauteloso e é uma coisa que talvez se pudesse tentar em Portugal.

O corte de salários e o aumento dos impostos terão um forte impacto no crescimento?
É uma coisa que pode ser muito perigosa. Mas, mais uma vez, o problema é que o país é como aquele indivíduo a quem o banco diz que não vai voltar a emprestar dinheiro a não ser que mude a maneira de viver. Esse é um problema de países como a Grécia e Portugal, cuja dívida está no exterior.
O IMD considera que Portugal só conseguirá reduzir a dívida pública para um nível de 60 por cento do PIB em 2037. Não é muito animador, pois não?
Isso é no caso de tudo se manter na mesma, mas acho que vocês vão ser proactivos e mudar isso. Da minha experiência, sei que uma recessão ocorre a cada oito ou nove anos, é o mesmo padrão e há por isso uma grande probabilidade de que algo aconteça antes do final década. Por isso vocês não podem ficar à espera, têm de estar preparados. Não podem deixar que algo aconteça para dizer: "Ah, agora não temos dinheiro nem podemos subir os impostos, porque eles já estão tão altos que vão matar as pessoas". Vão virar-se para Pequim ou para Nova Deli e dizer: "Vá lá, emprestem-me dinheiro", para eles responderem que não.

Pode uma economia ser competitiva com uma dívida pública tão elevada como a portuguesa?
Sim, porque o que conta realmente é quanto dinheiro é que vocês fazem. Se não se põe dinheiro em casa, o nível da dívida torna-se um problema. A Alemanha tem uma grande dívida, mas ninguém está preocupado porque sabem que eles podem pagar. O grande desafio é redirecionar as exportações para mercados de grande crescimento, concentrarem-se nas pequenas e médias empresas. Quando se ganha em competitividade, como a Alemanha, Holanda e Dinamarca, é quando se tem várias camadas de pequenas e médias empresas competitivas e orientadas para as exportações, com muita tecnologia.

Mas essas queixam-se que não têm acesso ao crédito...
Sim e é por isso que o Governo tem de ajudar, a forçar os bancos a darem crédito, dizendo que é uma prioridade, e a orientá-las para as exportações. Por exemplo, a Alemanha, depois da guerra, criou escolas de exportações, para ensinar as pequenas e médias empresas a exportarem. E este pode ser o segredo. Porque se houver duas ou três grandes no topo e uma falir, pode haver um problema, mas se houver várias pequenas empresas, mesmo que dez vão à falência as outras continuarão lá e a economia fica mais resiliente e diversificada.
…”

………………..

Textos de Leitura Recomendada (links):
 
 







segunda-feira, 9 de julho de 2012

SEMINÁRIO (4): O ESTADO POLÍTICO E OS “INSURGENTES” – UMA RELAÇÃO POLÍTICA NUMA ABORDAGEM PESSOAL




 


Tema 2:  PARA QUE SERVEM AS FORÇAS ARMADAS (??)” -– O COMPLEXO INDUSTRIAL-MILITAR PORTUGUÊS
(parte 2)



Estudemos o “fulcral” desta questão,
problema que ocupa o espaço da nossa vida, da nossa existência politicamente humana, da nossa capacidade de “sobrevivência natural”, o problema de uma resistência a uma entropia estúpida e perene.
 

Respiremos (pois) um ar mais suave e “calmo” de poeira “radio ativa” qual poluição laboral numa atmosfera política de um “Barreiro financeiramente industrial” em dia útil de fervor de atividade.

E tudo no (nosso) Complexo Industrial-Militar (pós-moderno e contemporâneo) em uníssono (e em simultâneo) com um prazer popular (pessoal e indesmentível) de vivência católica da (nossa) vida com amor, alegria, felicidade, e muitos outros adjetivos qualificativos de satisfação consciente e voluntária;

Ou tão somente (para os fãs incondicionais dessa meca dos sentidos que somos todos, de forma mais religiosa ou menos) com os prazeres terrenos e “descansados” de um império com todos os “tais” sentidos presentes num gostar de viver apurado.
 

(….)
 

Deus, Pátria e Família.
(segunda edição atualizada)

Voltemos ao “inimigo público” de uma esquerda política “vesga” de conteúdos ideológicos (europeus) apurados (…),
e a uma direita política ignorante, estúpida e inimiga de si própria e da sua identidade política mais profunda e solene;

Certamente numa espécie de crise de identidade politicamente caótica e persistente, e de consequências ignoradas para uma Europa do progresso, da modernidade e da pujança política, económica e social.


À qual “nós”, pelos vistos, “pretenderemos” ficar estrategicamente alheios !!

(mas tudo bem, dirão os portugueses, “não há de ser nada de especial…”)
 

(….)
 

A Igreja Católica também é contra o complexo industrial-militar português.
(na sua versão atual)
 

E eu não percebo muito bem a ideologia destes dogmas políticos, mas julgo entender que o argumento principal pretenderá “FRENAR” o progresso económico e social da sociedade portuguesa…
 

E digo isto porque enfim (…), não será “maldade” de tempos e pensamentos mal dispostos, será apenas “aquilo que parece à vista desarmada”.
 

(….)
 

Esta questão parece-me curiosa e passível de uma conversa perspicaz e interessante naquilo que poderá respeitar aos potenciais  avanços de uma “política real” (pragmática na sua execução operacional) neste nosso país periférico de uma Europa paciente mas também cansada de uma irreverência política mal calculada (pela nossa parte) para a estratégia de Portugal e para o futuro próximo dos portugueses.


Para concluir este pequeno e sucinto texto de opinião, e para o efeito possível de uma reflexão útil sobre a temática proposta, sugiro a leitura do texto de apoio que junto à edição presente desta página.
Boa leitura.



(….)

§§§§ / §§§§

ANEXO – ILUSTRAÇÃO TEMÁTICA:

………………..


“…
de:


Não são os mercados, mas os bancos que dominam a UE
dossier | 11 Junho, 2010 - 18:55 | Por Vicenç Navarro

O complexo financeiro é hoje, na União Europeia, o que o complexo militar industrial foi nos EUA
Lead:

O complexo financeiro é hoje, na União Europeia, o que o complexo militar industrial foi nos EUA
 

Numa entrevista recente a La Vanguardia (09.05.10), o ex-Presidente Felipe González, que tem estado a dirigir um grupo de reflexão nomeado pelo Conselho Europeu para refletir sobre o futuro da Europa, fez uma observação de carácter pessoal que mal teve impacto nos média e que descreve muito claramente o maior problema que tem a Europa.

É uma pena que esta observação não aparecesse no relatório desse grupo de reflexão. Dizia o ex-Presidente Felipe González que o que se passava na Europa lhe recordava o que disse no seu tempo o Presidente Eisenhower quando, no discurso de despedida no seu último dia de mandato, alertou a sociedade dos Estados-Unidos para as consequências negativas que tinha para os EUA o enorme poder do complexo industrial militar (The Military Industrial Complex).

Numa declaração surpreendente, por ser feita por quem tinha sido um General do Exército, o Presidente Eisenhower alertou para a excessiva influência que tinha a indústria armamentista nos EUA no configurar da política interna e externa daquele país.

Pois bem, adicionava o ex-Presidente Felipe González, há que alertar as sociedades europeias para o excessivo poder que tem no nosso continente o complexo financeiro.

Hoje, tal complexo está a determinar as políticas domésticas dos países da UE.

Publiquei, extensamente (ver artigos publicados em vários fóruns e afixados no meu blogue http://www.vnavarro.org, secções Neoliberalismo e Economia Política) referindo-me ao perigo que supõe para Europa o enorme poder e influência que a banca europeia (e, muito em especial, a alemã) tem sobre o Conselho Europeu, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu e que determinou enormes gastos públicos por parte dos países da UE e do FMI (mais de um milhar de milhões de Euros) em ajudas a banqueiros e acionistas, sem que isso se tenha repercutido numa maior disponibilidade de crédito à sociedade.

Tais instituições estão, ao mesmo tempo, a exigir uma enorme austeridade de gastos públicos, incluindo gastos públicos sociais o que está a significar um enorme sacrifício para as classes populares dos países da UE e, muito em particular, dos países chamados periféricos - Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda - a fim de que aqueles estados possam pagar à banca dos países do centro da UE a dívida pública com juros exuberantes e confiscatórios.
 

Como se exprime este poder da banca

A excessiva influência que a banca alemã teve na construção da União Europeia - tanto no estabelecimento do Banco Central Europeu (BCE), como na definição do Pacto de Estabilidade (cujo objetivo principal foi manter estável o preço do dinheiro em vez de estimular o crescimento económico) - explica a orientação neoliberal das instituições da UE.

Um indicador dessa orientação neoliberal é que uma União assim não tem um banco central e isso apesar de a instituição financeira da UE se chamar Banco Central Europeu.

À primeira vista esta afirmação parece uma provocação. Mas a análise das suas funções e comportamentos mostra que não é um banco central, como o é, por exemplo, o Federal Reserve Board, FRB (o Banco Central dos EUA) ou o Banco de Inglaterra.

Um banco central tem como missão realizar as intervenções financeiras que permitam aos seus estados realizar as políticas económicas conducentes ao desenvolvimento e ao bem-estar da população.

Para conseguir tal objetivo, os bancos centrais são altamente intervencionistas, impedindo ou dificultando, por exemplo, as actividades especulativas de agentes financeiros nacionais ou internacionais que impossibilitem o desenvolvimento das políticas económicas e fiscais estatais.

Assim, quando os especuladores financeiros internacionais quiseram especular com a dívida pública dos EUA e da Grã-Bretanha, os seus bancos centrais intervieram ativamente imprimindo grandes quantidades de dinheiro com os quais compraram grande quantidade da dívida pública dos seus próprios estados, vendendo-a a um preço menor do que tinham comprado, forçando a baixa de preço e juros, com o que os especuladores saíam escaldados pois perdiam muito dinheiro. Isto é o que faz um Banco Central.

Nem é preciso dizer que imprimir muito dinheiro pode aumentar a inflação (o inimigo número um da Banca) mas em momentos de recessão, como agora, o perigo não é este, mas o contrário – a deflação.

Quando a economia recuperar é que pode aumentar a inflação, mas este aumento (sempre que possa manter-se em dimensões moderadas) é inclusivamente positivo pois ajuda o estado a poder pagar a dívida mais rapidamente.

Se o estado deve uma quantidade fixa de dinheiro, esta quantidade, ao fim de algum tempo, diminui em valor monetário quando a inflação aumenta.

Isto é o que fizeram os bancos centrais agora e sempre (veja-se o recente comportamento do Federal Reserve Board nos EUA).

Não foi o caso do BCE que tem total independência. Isto é, pode fazer o que quiser. E fá-lo segundo o desejo e os interesses da banca da Alemanha e doutros países do centro da UE.

O primeiro objetivo do BCE é ajudar os bancos, não ajudar os estados.

O BCE, que é o único banco na UE que tem poder para definir a quantidade de moeda que se imprime, tem estado a enviar este dinheiro como empréstimo à banca privada, com um juro de 1% só.

Com este dinheiro, a banca privada comprou dívida pública que oferecia juros de 3%, 4%, 6% ou inclusive 9%, com o que conseguiram a negociata do ano.

Entretanto o crédito brilhava, e continua a brilhar pela ausência. E mais, o BCE está proibido de comprar dívida pública.

Ultimamente, esquivou-se a esta proibição, quando os estados estavam já em pé de guerra contra o BCE, rebelião liderada pelo Sr. Sarkozy (a cultura política republicana francesa dá mais protagonismo aos estados do que a cultura neoliberal alemã).

Mas mesmo assim tal compra de bónus de dívida pública está-se a fazer com timidez e em doses muito limitadas, nada comparáveis ao que fez o Federal Reserve Board, nos EUA.

Porquê esta timidez? A resposta pode parecer paranoica mas não é.

A banca tem um objetivo, nunca explicitado, mas que aparece constantemente nas entrelinhas nos seus escritos.

Na realidade existe forte evidência de que a Banca e os seus agentes, que incluem desde o BCE ao Fundo Monetário Internacional (o que se chama na terminologia anglo-saxónica o establishment financeiro) querem utilizar esta Grande Recessão para conseguir o que desejam desde o princípio da UE: debilitar o estado de bem-estar, diluir e reduzir a dimensão social da Europa e reduzir os direitos sociais e laborais.

Se lerem os documentos internos do BCE, do FMI e do Banco de Espanha (e eu tenho estado a fazê-lo todos estes anos) verão que desde há já muitos anos que estão a realçar a necessidade de se fazerem tais mudanças.

E agora querem aproveitar esta crise para, em colaboração com os grandes grupos empresariais, conseguir que se façam, ajudados pelos média que estão a tentar persuadir a população de que tais mudanças são necessárias para sair da Grande Recessão (argumentos que já se utilizaram inclusive antes de que existisse a Grande Recessão).

E como resultado da sua grande influência nos média, vemos como os cinco jornais mais importantes em Espanha têm escrito editoriais apoiando as medidas de austeridade promovidas pelo FMI.

Estes média por certo nunca analisaram objetivamente as consequências de levar a cabo tais medidas. Analisemo-las e vejamos primeiro o que é o FMI.

As receitas desastrosas do FMI

Desde que o Presidente Reagan iniciou nas Américas a época neoliberal, o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi o maior promotor das políticas neoliberais no mundo, tendo desenvolvido as suas políticas com maior intensidade na América Latina.

O FMI foi sempre proposto pelo Secretário do Tesouro do Governo Federal dos EUA (equivalente ao Ministério da Economia e Finanças em Espanha).

Nunca aconteceu a maioria dos 184 estados membros do FMI votar contra as posturas adotadas pelo representante dos Estados-Unidos no Conselho de Direção. Daí que o FMI tenha sido o maior propagandista do “Consenso de Washington” cuja versão europeia foi o “Consenso de Bruxelas”.

Segundo esse consenso, os países recetores da “ajuda” oferecida pelo FMI tinham que reduzir, e inclusive eliminar, qualquer restrição à mobilidade internacional de capitais e comércio, privatizar os seus serviços públicos e as suas transferências públicas (como a Segurança Social), eliminar os défices do estado e oferecer plena independência e autonomia aos bancos centrais, dando prioridade ao controle da inflação, à custa do estímulo ao crescimento económico.

A estas políticas somaram-se medidas desincentivadoras das políticas estatais intervencionistas nas áreas industriais da economia, enfatizando a desregulação dos capitais financeiros e dos mercados laborais.

Estas políticas expandiram-se por toda a América Latina com resultados que o diretor do prestigiado Center for Economic and Policy Research de Washington D.C., Mark Weisbrott, definiu como “desastrosas” para aqueles países.

O rendimento per capita na América Latina, que crescera 82% durante o período 1960-1980, baixou para uns meros 9% durante o período 1980-2000, baixando inclusive mais, para 4%, no período 2000-2005.

Para dar-nos conta do significado destes números, temos que nos dar conta de que se vários países da América Latina, como a Argentina, o México e o Chile (todos eles expostos às políticas liberais impostas pelo FMI) tivessem continuado a crescer como o fizeram na época 1960-1980, teriam atingido já o nível de desenvolvimento da Espanha. Hoje estão muito atrasados, com um nível de riqueza muito inferior ao espanhol.

O fracasso dessas políticas é que levou a uma mudança de quase 180º a partir de 2003 e 2004, com a eleição de partidos de centro esquerda e de esquerda na grande maioria dos países da América Latina e o que se deu como rejeição às políticas impostas pelo FMI.

O primeiro país que se rebelou contra o FMI, foi a Argentina, que se estava a afundar economicamente por seguir as políticas neoliberais propostas pelo FMI.

Em Maio de 2003, o novo governo eleito, presidido por Néstor Kirchner, expulsou na prática o FMI da Argentina, rompendo com o neoliberalismo imposto por essa instituição.

Kirchner declarou o país em bancarrota, forçando a renegociar a dívida com os bancos e com o FMI que tiveram de absorver grandes perdas nos seus fundos. Rompeu também com a paridade peso argentino-dólar (medida imposta pelo FMI) e seguiu políticas expansivas de gastos públicos que estimularam a economia, crescendo 9% durante os próximos três anos, o que lhe permitiu ir pagando a sua dívida pública. A este facto fez referência a presidente Kirchner, esposa do presidente Kirchner quando, numa conferência recente em Barcelona com o mundo empresarial, indicou que a maneira de sair da recessão não era baixar o défice e a dívida pública, mas crescer economicamente, inclusive à custa de aumentar o défice e a dívida pública.

Casos parecidos ocorreram na Bolívia, com Evo Morales, que também acabou com o FMI e adotou políticas radicalmente diferentes das neoliberais propostas pelo FMI.

Em Maio de 2006 o Presidente Morales nacionalizou o gás e o petróleo, exigindo ao mesmo tempo ao FMI e aos bancos que renegociassem a dívida, absorvendo grandes perdas. Desde então a Bolívia foi um dos países com maior taxa de crescimento económico na América Latina.

Antes, durante a época neoliberal, a economia permaneceu estancada, de maneira que em 2006 (depois de ter estado sob o domínio do FMI durante vinte anos) o seu rendimento per capita era menor do que o existente 27 anos antes.

A Lituânia, na Europa, é outro exemplo. O FMI e a UE impuseram políticas liberais de grande austeridade que causaram uma redução de 25% do seu PIB, com uma taxa de desemprego de 22% da população ativa.

Segundo as próprias projeções do FMI, a Lituânia não atingirá o nível de PIB que teve no ano de 2006, até ao ano de 2015.

E agora, a Grécia. As políticas impostas pelo FMI fizeram que o PIB diminuísse 18% em 2009 e terá que esperar oito ou nove anos para recuperar o PIB que tinha em 2008.

E algo semelhante ocorrerá em Espanha, como resultado do mandato da UE e do FMI.

Estas e outras experiências explicam não só o descrédito do FMI mas também a aparição de alternativas, como o Banco do Sul, na América Latina em substituição do FMI.

A evidência mostra como o FMI foi utilizado pelo capital financeiro (a banca) para forçar uma austeridade de gastos públicos sociais, com o fim de conseguir que se pague à banca.

Na UE a mal denominada ajuda da UE-FMI à Grécia foi na realidade uma ajuda à banca alemã e doutros países do centro da UE, emprestando dinheiro ao estado grego para que lhe pague a dívida externa.

Termino, pois, esta apresentação acentuando que não são os mercados financeiros mas sim a banca que está a dominar o mundo, em consequência da excessiva influência do complexo bancário, o qual está a dominar a vida política e mediática dos países, conduzindo estes países a uma situação de enormes sacrifícios para as classes populares que se exigem para respeitar os benefícios desse complexo.

O complexo financeiro é hoje, na União Europeia, o que o complexo militar industrial foi nos EUA.

Artigo publicado na revista digital SISTEMA, 4 de Junho de 2010, disponível em vnavarro.org
 

…”

………………..